terça-feira, 7 de janeiro de 2020

A Cidade

A Cidade tá parada e a parada não é curta.
A Cidade tá um caos e não entendo tanta multa.

É multa por comer bem,
É multa por comer mal,
É muita dor que se tem.
É muita risada igual.

A cidade chora e molha, todo mundo que tá triste,
A cidade seca até quem tem amor que sobra e existe.

É gente que leva e traz e gente que nunca vem.
É gente que ri dos outros mas nunca se olha além.
É gente que diz que odeia e gente que diz que ama.
É gente que diz que gosta mas te trai com alguns bacanas.

É homem que canta baixo e gente que grita e espuma.
É mulher que fala alto e menina que Buda arruma.
É menino que mata aula e menina autodidata.
É velho que fura fila e velha com língua em brasa.

A cidade chora e molha todo mundo que tá triste.
A cidade seca até quem tem amor que sobra e existe.

Só tá nessa cidade quem não pode viajar,
Só tá nessa cidade quem é trouxa pra tentar mudar.

~Akazo

Eu já não caibo mais aqui

Eu já não caibo mais aqui.
Nem muito menos aí.
Com entrelinhas fáceis de se ter,
Você agora prefere pular páginas,
Que antes você gostaria de ler.

Afinal, sou aquele livro aberto de corpo fechado.

Todo mundo sabe que a maldição do discreto é ser notado
E a maldição do que almeja a luxúria, é não ser lembrado.
E, convenhamos, antes esquecido do que mal amado.

Eu me reparti,
Achando que o conceito do amor era a liberdade
De ir e vir.
Sendo que na verdade, o pressuposto do amor
É sentir e sorrir.

Você já não sorri mais. Talvez com alguns amigos.

E eu iludido, aleatório.
O mais novo que é excluído.
Talvez até taxado como bandido.

Eu não caibo mais aqui
E talvez nunca mais seja lembrado
E, convenhamos, antes esquecido do que mal amado.

Me despeço daquilo que nunca aconteceu.

~Akazo